Tipos de conjuntivite, causas, sintomas e tratamento da conjuntivite alérgica, viral, bacteriana, neonatal, vernal, sazonal e outras.


Tratamento da conjuntivite bacteriana

O tratamento da conjuntivite bacteriana é normalmente realizado com colírios de antibióticos, podendo ser utilizado quinolonas de terceira (ciprofloxacina ou ofloxacina) ou quarta geração (moxifloxacina ou gatifloxacina) na posologia de 4 a 5 vezes por dia. Além disso, podem ser associados lágrimas artificiais e compressas frias. No caso de confirmação diagnóstica de conjuntivite por hemophilus influenza em crianças, deve ser associado tratamento sistêmico com amoxacilina/clavulanato 30 mg/kg/dia dividido em 3 doses, para evitar complicações como meningite e pneumonia.

Tratamento da conjuntivite viral

O tratamento para a maioria dos casos de conjuntivite viral é sintomático, com o uso de lágrimas artificiais 6 a 7 vezes por dia e compressas frias. No caso de membranas ou pseudomembranas deverão ser retiradas de forma muito cuidadosa. Em casos severos ou na presença de infiltrados subepiteliais com diminuição da acuidade visual poderá fazer-se uso de colírios  de corticóide, atentando para a retirada gradual dos mesmos, já que o uso incorreto de corticóides pode acarretar cronicidade da conjuntivite, principalmente em relação ao infiltrados, que, quando não trazem prejuízo visual ao paciente, podem ser somente acompanhados, já que  a maioria desaparece em torno de seis meses.

Diferença ente conjuntivite bacteriana e viral

Conjuntivite bacteriana

Varias espécies bacterianas podem causar conjuntivite, produzindo uma secreção purulenta. A visão permanece inalterada, causando apenas um desconforto. A doença usualmente é autolimitada, com duração de 10 a 14 dias se não tratada. Com o uso de colírios ou pomadas antibióticos ocorre a cura geralmente com 2 a 3 dias.
Algumas bactérias podem ser mais perigosas, como no caso da conjuntivite gonocócica, usualmente adquirida pelo contato com secreção genital infectada. É considerada uma emergência oftalmológica, pois pode levar a perfuração da córnea rapidamente. O diagnóstico deve ser confirmado pela identificação da bactéria na secreção.

Conjuntivite viral

A conjuntivite viral é usualmente associada à faringite, febre e mal-estar.O olho fica vermelho, principalmente na parte de dentro das pálpebras e ocorre eliminação de grande quantidade de secreção aquosa. As crianças são mais afetadas que os adultos, e piscinas contaminadas são algumas vezes a fonte de infecção. A doença dura no máximo 2 semanas. O colírio antibiótico pode ser usado para prevenir a infecção bacteriana sobreposta. Compressas de água morna podem diminuir o desconforto e corticóides locais podem tratar complicações.

Causas e tratamento da conjuntivite em crianças e bebés

Causas da conjuntivite

A conjuntivite pode ser causada por um vírus, uma bactéria, ou por uma reação alérgica. A infecciosa (por bactéria) é muito contagiosa. Se começa por um olho, com certeza afetará o outro. E é purulenta. Por outro lado, as virais e as alérgicas apresentam pouca secreção. Produzem lágrimas claras e aquosas e pálpebras inchadas.

Tratamento da conjuntivite

Deve-se consultar sempre o pediatra. No caso de infecção, ele receitará um antibiótico ou um colírio. Nos outros casos, se tratará usando colírios antiinflamatórios e antihistamínicos. Enxaguar o olho com soro fisiológico e, para evitar contágios, não se deve compartilhar toalhas da pessoa afetada de conjuntivite.

Tratamento da conjuntivite com colírios

Há vários tipos de colírios, cada um com indicações específicas e riscos próprios decorrentes do mau uso. Se pingar um colírio comum com regularidade já é perigoso, usar aqueles indicados para determinadas doenças é mais temeroso ainda. “Quando uma pessoa asmática usa por conta própria um colírio para glaucoma, por exemplo, ela pode desenvolver uma crise de asma”, diz o oftalmologista, que explica que eles também podem causar sonolência e taquicardias. Entenda melhor os diferentes tipos de colírios: Lubrificantes - Possuem várias indicações e apresentam menos efeitos colaterais. “Ainda assim, é preciso orientação médica porque contêm conservantes e há o risco de provocarem  conjuntivite alérgica”, explica o médico.
Outro detalhe que quase não é levado em conta pela população é a validade do colírio, o remédio começa a ficar cheio de bactérias.
Vasoconstritores - Servem para tirar a vermelhidão dos olhos. São vendidos sem receita e estão sempre no armário do banheiro. Pingar um produto desses sem indicação, além de mascarar o verdadeiro problema, que deve ser investigado, pode acelerar o aparecimento de catarata.
Antibióticos - O uso de forma crônica e irregular pode, por exemplo, facilitar o aparecimento de mutações de bactérias que ficam resistentes, o que torna o tratamento mais difícil.
Corticóides - O mau uso por conta própria pode favorecer a formação de catarata e o aumento da pressão do olho, favorecendo o aparecimento do glaucoma, informa Centurion.
Anestésico - Outro colírio perigoso. “Quando  aparece um cisco no olho ou qualquer outra coisa, o anestésico alivia a dor. No entanto, o abuso pode levar até à perfuração da córnea”.
Pomadas - Também devem ser prescritas pelo oftalmologista. “Muitas pessoas, no afã de aliviar uma coceira ou um ardor nos olhos, aplicam pomadas antialérgicas destinadas à pele nos olhos. Atitude equivocada e perigosa que pode mascarar doenças e provocar uma alergia ocular”.

Para conjuntivite

Se se trata de uma conjuntivite alérgica, é recomendado o colírio antialérgico; se é bacteriana, o colírio antibiótico; se é viral, pode ser indicada apenas a lágrima artificial ou um colírio antiinflamatório. Conjuntivites mal tratadas e automedicação causam a ceratite, uma inflamação na córnea.

Tratamento das conjuntivites alérgicas sazonais

No Tratamento das conjuntivites alérgicas sazonais, o quadro é na maioria dos casos, resolvido com anti-histamínicos para amenizar o prurido e estabilizadores de membrana, além de lubrificantes (sem conservantes) para dar maior conforto. Os estabilizadores de membrana levam no mínimo uma semana para surtirem efeito, portanto, seu uso deve ser continuado mesmo após cessar a crise, por pelo menos um mês.
A ceratoconjuntivite atópica deve ser tratada de forma conjunta – conjuntivite e blefarite – para que se possa compensar o quadro.
Devemos utilizar anti-histamínicos, estabilizadores de membrana, lágrimas artificiais, e, dependendo da gravidade do quadro, corticosteróides. A blefarite deve ser tratada com pomadas de tetraciclina, que, além de diminuírem a população bacteriana, agem emulsionando as gorduras, o que é de grande valia na meibomite.
Nas conjuntivites vernais, o tratamento baseia-se principalmente nos estabilizadores de membrana, anti-histamínicos e corticosteróides.
As lágrimas artificiais devem ser instiladas de hora em hora, pois a ceratite pontuada normalmente é severa. No caso de ocorrer úlcera em escudo, as placas de fibrina devem ser removidas.
Nos casos de conjuntivite papilar gigante, o tratamento só será eficaz com a suspensão da causa. Em usuários de lentes de contato ou prótese ocular, deve-se suspender o uso por pelo menos um mês. Nos casos de exposição de fio de sutura ou faixa escleral, a remoção ou reposicionamento deve ser feita.
Em todos os casos de conjuntivite alérgica, vemos que o tratamento baseia-se em anti-histamínicos, estabilizadores de membrana e corticosteróides. Em minha prática diária, dou preferência à olopatadina, por ser um medicamento mais potente que o cromoglicato dissódico, e tem ação anti-histamínica associada. A posologia é de quatro vezes ao dia, e, nos casos recorrentes, deve-se manter a medicação por no mínimo seis meses para que se obtenha o efeito de prevenção de novas crises. Quanto ao corticosteróide, utilizo a Rimexolona, por ser uma droga potente e de pouca ou nenhuma penetração na câmara anterior, o que minimiza o risco de glaucoma e catarata. Quanto à posologia, inicialmente recomendo freqüência de duas em duas horas, diminuindo a cada semana, até alcançar duas vezes ao dia, que mantenho por dois meses, com posterior retirada gradual. Em todos os casos de conjuntivite alérgica utilizo lubrificantes em conservantes, pois aumenta o conforto do paciente e mantém a lubrificação corneana. Raramente utilizo AINH.
Estudos recentes demonstram a eficácia da ciclosporina 0,05% em ceratoconjuntivite atópica e conjuntivite vernal, principalmente os casos refratários à corticoterapia. A posologia recomendada é de quatro vezes ao dia, mantida por seis meses.

Tratamento da conjuntivite alérgica

Em qualquer quadro alérgico, ocular ou não, o primeiro passo é orientar o paciente (ou seu responsável) que a doença é crônica, recorrente, e deve-se tomar algumas medidas para diminuir a intensidade e a freqüência das crises, a saber: evitar o acúmulo de pó, como em cortinas carpetes, bichos de pelúcia, varrer a casa com auxílio de pano úmido, para não levantar a poeira, entre outras medidas preventivas. Não coçar o olho é mandatório; as compressas geladas aliviam muito os sintomas alérgicos.
As drogas utilizadas no tratamento das conjuntivites alérgicas são anti-histamínicos, estabilizadores de membrana de mastócitos, antiinflamatórios não hormonais, costicosteróides, e imunomoduladores.
Os anti-histamínicos tópicos são indicados nos pacientes onde o prurido é sintoma importante, porém, sua ação é unicamente sobre a histamina, tendo seu efeito limitado à inibição do prurido e da hiperemia. Essa medicação não inibe nem tampouco cessa a manifestação alérgica, sendo apenas um paliativo dos sintomas pruriginosos.
Os estabilizadores de membrana de mastócitos levam no mínimo uma semana para iniciarem sua ação, por isso, devem ser associados à droga de início rápido na crise. São indicados nas conjuntivites alérgicas crônicas, recorrentes, para diminuir a intensidade e a recorrência das crises. Seu uso deve ser de no mínimo seis meses para que o efeito de redução da freqüência das crises seja alcançado.
Os antiinflamatórios não hormonais (AINH) têm papel pouco importante no tratamento das alergias. Atuam inibindo a ciclo-oxigenase (COX), o que elimina a produção de prostaglandinas e tromboxane.
Estudos sugerem que algumas prostaglandinas são pruridogênicas e potencializadoras da ação da histamina. Dessa forma, os AINH aliviariam os sintomas da crise.
Os corticosteróides atuam em vários pontos da cascata da alergia.
Virtualmente, todas as células têm receptores para os corticosteróides.
Após interação com seu receptor, o complexo esteróide-receptor migra para o núcleo da célula a modifica a síntese protéica. Essas drogas têm efeito em todo o sistema imune. Inibem a migração de neutrófilos, o acesso dos macrófagos ao sítio da inflamação, a atividade dos linfócitos, a fosfolipase A (que dá origem ao ácido aracdônico na seqüência inflamatória), e a síntese de histamina conseqüentemente. Os corticosteróides também diminuem a proliferação de fibroblastos e capilares e a deposição de colágeno, interferindo, assim, na cicatrização.
Devemos usar os corticosteróides com cuidado, pois, além dos riscos inerentes da droga, temos ainda na nossa área o risco de desenvolvimento de glaucoma e catarata. Nas crises agudas, deve ser utilizado em altas doses e em curto período de tempo. A suspensão da medicação deve ser sempre lenta e gradual, impedindo assim o efeito rebote.
Os imunomoduladores têm utilização controversa na literatura.
Age inibindo a produção de citoquinas, especialmente as de T-helper, interleucina 2 e 4 (IL-2 e IL-4), interferon e fator de necrose tumoral (TNF). A ciclosporina é altamente seletiva, tem efeito reversível e não interfere com o metabolismo do DNA; portanto, não produz supressão medular e não é mutagênica. Pode ser utilizada em casos refratários, lembrando sua toxicidade ocular e alto custo. Normalmente manipulada, em concentrações que variam de 0,5 a 2%, hoje a encontramos disponível no mercado a doses milesimais (0,05%).

Tratamento da Conjuntivite

Para melhor poder diagnosticar a causa da conjuntivite, é de todo aconselhável a ida a um serviço de urgência oftalmológico, onde o médico poderá retirar uma amostra (através de zaragatoa) das secreções purulentas produzidas pelos olhos, que será analisada em nível bacteriológico, fungal e viral na tentativa de descobrir qual o agente causador da conjuntivite. A prescrição de antibióticos para conjuntivites virais não tem qualquer efetividade e é incorreta, visto que, vírus não podem ser mortos pela ação destes tipos de medicamentos.
É utilizado gaze e água filtrada ou mineral, ou ainda soro fisiológico, para limpar as casquinhas que se formam em volta do olho.
Não deve ser tocado com a superfície das embalagens no olho ou pálpebra quando da aplicação, para evitar a contaminação das soluções (colírios e pomadas).
No caso do agente causador, o médico poderá prescrever um tratamento com antibiótico (em caso de bactérias), antifungo (em caso de fungo) ou antiviral (em caso de vírus), que será diferente consoante o tipo e o grau de resistência do agente que causa a doença.

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Conjuntivite química

Muitas substâncias diferentes aplicadas no olho podem causar reações químicas (ex. remédios caseiros, reação aos conservantes presentes nos colírios). Os achados são similares àqueles vistos em conjuntivites virais, e por isto a anamnese é importante.
tratamento: A pessoa deve ser instruída a parar de aplicar a substância que causou a reação. A pomada oftalmológica de tetraciclina pode ser atenuante e irá prevenir uma infecção bacteriana secundária.
educação sanitária: As pessoas não devem aplicar nada nos seus olhos que não lhes seja prescrito, e devem jogar fora colírios cujos frascos estejam abertos há um mês ou mais.

Conjuntivite alérgica crônica

A causa da conjuntivite alérgia crônica (ceratoconjuntivite primaveril) não é conhecida, mas está frequentemente associada com asma ou eczema e é provavelmente devida à reação alérgica de longa data. A condição geralmente começa entre os três e vinte e cinco anos de idade, e o paciente queixa-se de prurido crônico, uma secreção espessa, clara e filamentosa, sensibilidade à luz, visão turva e descoloração dos olhos. O diagnóstico é feito por eversão das pálpebras, quando ‘papilas’ grandes e achatadas se tornam visíveis.

Tratamento
O tratamento não é fácil na fase inicial, e se os sintomas forem graves, ou se a córnea se aparentar turva, o conselho é o encaminhamento para um serviço oftalmológico.

Conjuntivite alérgica aguda

A conjuntivite alérgica aguda ocorre quando o adulto ou a criança desenvolve um prurido repentino e grave nos olhos e pálpebras como o resultado de ter entrado em contato com algo ao qual a pessoa é alérgica (ex. pólen, gatos). As pálpebras e conjuntiva tornam-se evidentemente inchadas e há lacrimejamento profuso dos olhos, os quais normalmente não se tornam vermelhos.
A condição melhora por si só muito rapidamente.
Educação sanitária

A pessoa precisa tentar descobrir o que levou à reação (ex. a ingestão de certos alimentos; ter-se sentado sob um tipo particular de árvore) e tentar evitar fazer isto no futuro.
Elas devem ser instruídas a não esfregar os olhos, pois isso piora o quadro.

Prevenir a transmissão da conjuntivite

Para prevenir a transmissão da conjuntivite, enquanto estiver doente, são recomendadas as seguintes precauções:

- Lave com freqüência o rosto e as mãos uma vez que estas são veículos importantes para a transmissão de microorganismos;
- Aumente a freqüência de troca de toalhas ou use toalhas de papel para enxugar o rosto e as mãos;
- Não compartilhe toalhas de rosto;
- Troque as fronhas dos travesseiros diariamente enquanto perdurar a crise;
- Lave as mãos antes e depois do uso de colírios ou pomadas e, ao usá-los não encoste o bico do frasco no olho;
- Não use lentes de contato enquanto estiver com conjuntivite, ou se estiver usando colírios ou pomadas;
- Não compartilhe o uso de esponjas, rímel, delineadores ou de qualquer outro produto de beleza;
- Evite coçar os olhos para diminuir a irritação;
- Evite aglomerações ou freqüentar piscinas de academias ou clubes;
- Evite a exposição a agentes irritantes (fumaça) e/ou alérgenos (pólen) que podem causar a conjuntivite.

Conjuntivite tóxica

A conjuntivite tóxica pode ser causada por qualquer substância que exerça ação danosa à superfície ocular. Na prática, a principal causa deste tipo de conjuntivite consiste no uso de medicações tópicas, principalmente antivirais, antibióticos, aminoglicosídeos, antiglaucomatosos, mióticos, atropina e preservativos (encontrados em colírios e soluções de lentes de contato).
Ao exame, observamos reação folicular, hiperemia conjuntival e ceratite puntacta, especialmente na porção inferior da córnea. O tratamento é realizado com a descontinuidade do colírio sob suspeita, associando-se o uso de lágrimas artificiais, preferencialmente sem preservativos.

Conjuntivite papilar

A conjuntivite papilar gigante caracteriza-se pela presença de papilas gigantes na conjuntiva tarsal superior, podendo estar presente nos casos anteriores, sendo mais comum na forma vernal. Uma importante causa de conjuntivite papilar gigante consiste no uso crônico de lentes de contato, principalmente as gelatinosas, devido ao acúmulo de depósitos protéicos na superfície das mesmas. Além disso, traumas mecânicos na superfície ocular, como a presença de suturas, também podem desencadear esta forma de conjuntivite.
O tratamento é feito com antihistamínicos e corticóides tópicos. Suspender o uso das lentes de contato por alguns dias ou semanas também é recomendado, a fim de acelerar o processo de cura. Em alguns casos, além do tratamento clínico, é necessário remover cirurgicamente as papilas.

Conjuntivite atópica

A conjuntivite atópica é a mais rara dos quatro tipos e pode acarretar severo dano ocular aos pacientes, os quais, freqüentemente, têm acometimento cutâneo (dermatite), asma ou outras manifestações alérgicas. Além disso, portadores de conjuntivite atópica apresentam maior risco para o desenvolvimento de ceratocone e catarata.
As pálpebras podem apresentar dermatite e fissuras. A conjuntiva mostra reação papilar, com simbléfaro nos casos avançados. A córnea é acometida com ceratite puntacta, podendo haver defeitos epiteliais persistentes, úlceras e formação de leucomas nos casos mais graves.
O tratamento é realizado com antihistamínicos tópicos, sendo freqüente a necessidade do uso de corticóides, como na cerato-conjuntivite vernal. Algumas vezes, além das medicações tópicas, é necessário associar anti-histamínicos ou imunomoduladores sistêmicos, como a ciclosporina e o tacrolímus.

Conjuntivite vernal

A conjuntivite vernal ou primaveril é encontrada, principalmente, no sexo masculino, dos 5 aos 15 anos de idade, e está associada com outras manifestações alérgicas, como asma, rinite alérgica e dermatites. Os sintomas, em geral, são mais severos que nas conjuntivites sazonais e, ao exame, encontramos hipertrofia papilar (com papilas gigantes em alguns casos) e nódulos limbares de Trantas (constituídos por eosinófilos degenerados), podendo haver acometimento corneano, com ceratite puntacta e úlcera em escudo.
Nesses casos de comprometimento corneano, recebe o nome de cerato-conjuntivite vernal. O tratamento dos casos leves pode ser feito de modo semelhante ao empregado nas conjuntivites sazonais. Já nos casos moderados a severos, especialmente nos períodos de crises, o tratamento da conjuntivite vernal requer o uso de corticóides tópicos, como o acetato de prednisolona 1%, além das demais medicações usadas nas conjuntivites sazonais.
Uma vez controlada a crise, recomenda-se a retirada gradual do corticóide, a fim de evitar possíveis complicações advindas do seu uso crônico, como o surgimento de catarata, por exemplo. Nesse contexto, o uso tópico de ciclosporina 0,05% foi sugerido como alternativa para evitar o uso prolongado de corticóides, embora seu real benefício ainda seja incerto.
Havendo úlcera em escudo, além do uso de corticóide, deve ser empregada profilaxia antimicrobiana com fluoroquinolona de quarta geração, como a gatifloxacina, até a completa reepitelização.

Conjuntivite sazonal

A conjuntivite sazonal é a mais freqüente dos quatros tipos, caracterizando-se por ser uma reação de hipersensibilidade tipo 1, associada com fatores externos, como poeira e pólen. Os sintomas têm intensidade de leve a moderada e incluem: prurido, ardência, fotofobia e lacrimejamento. Ao exame podemos encontrar quemose, hiperemia conjuntival e reação papilar, sem envolvimento corneano. O tratamento é realizado com colírios antialérgicos, como a olopatadina 0,1%, a epinastina 0,05% ou o cetotifeno 0,025%, 2 vezes ao dia, podendo ser associadas lágrimas artificiais.
Dentre essas alternativas, a epinastina representa uma droga bastante interessante no tratamento e na prevenção dos sintomas da conjuntivite alérgica sazonal, agindo sobre receptores de histamina H1, tendo ação estabilizadora de mastócitos e atividade antiinflamatória.

Conjuntivite alérgica

As conjuntivites alérgicas constituem uma causa bastante comum de consultas oftalmológicas, acometendo de 15 a 20% da população. O sintoma mais característico dessas conjuntivites é o prurido ocular, o qual é mediado pela ação da histamina junto a receptores específicos. Outras substâncias participam do processo alérgico, como a imunoglobulina E (IgE), sintetizada por linfócitos B. Além desses, mastócitos, neutrófilos, eosinófilos e outras células inflamatórias também estão envolvidas na cascata de eventos alérgicos. As conjuntivites alérgicas podem ser divididas em quatro tipos: sazonal, vernal, atópica e papilar gigante.
Existem duas formas, aguda e crônica.

Conjuntivite neonatal

A conjuntivite neonatal (ophthalmia neonatum) é definida como uma inflamação da conjuntiva durante o primeiro mês de vida. A sua forma mais comum é a conjuntivite química, a qual decorre da ação irritativa provocada por determinadas substâncias aplicadas na superfície ocular, ocorrendo na primeira semana de vida. Nesse contexto, o agente mais freqüentemente envolvido costuma ser o nitrato de prata, o qual é usado para a prevenção da conjuntivite gonocócica. Por essa razão, o nitrato de prata vem sendo gradualmente substituído, nas maternidades, por colírios de antibióticos, os quais atendem à necessidade de prevenir a conjuntivite gonocócica, com menores riscos de conjuntivite química.
A conjuntivite gonocócica, por sua vez, representa uma forma mais rara, porém bastante agressiva de conjuntivite neonatal, sendo causada pela Neisseria gonorrhoeae. Seu início é geralmente abrupto, manifestando-se já nas primeiras 48 horas de vida, com secreção ocular abundante, podendo evoluir para úlcera corneana. Nesses casos, recomenda-se a coleta de material para exames bacteriológico e bacterioscópico, iniciando-se o tratamento empírico antes do resultado definitivo dos referidos exames. As crianças devem ser tratadas em regime de internação hospitalar, com acompanhamento pediátrico, medicadas com antibiótico sistêmico (geralmente ceftriaxone, endovenoso), colírio antibiótico (fluoroquinolona de quarta geração, de 4/4 horas) e higiene para a remoção de secreções.
Toda criança com diagnóstico de conjuntivite gonocócica deve ser tratada, também, para clamídia com eritromicina, via oral. Felizmente esse tipo de conjuntivite é rara nos dias atuais, devido à prevenção realizada com o nitrato de prata, iodo povidona ou eritromicina colírio, ao nascimento.


Conjuntivite bacteriana

A conjuntivite bacteriana é menos comum que a viral, sendo mais freqüente em pacientes imunocomprometidos ou hospitalizados. A conjuntivite bacteriana apresenta-se com hiperemia e outros achados semelhantes à forma viral, porém com uma quantidade maior de secreção mucopurulenta e ausência de linfonodo pré-auricular.
Reação folicular e infiltrados subepiteliais também não costumam ocorrer na forma bacteriana, a qual é causada, na maioria da vezes, por Sthaphilococcus aureus, Streptococcus pneumoniae ou Hemophilus influenza.
Uma forma bastante específica de conjuntivite bacteriana que merece nossa atenção é o chamado tracoma.
O tracoma consiste na infecção causada pelos sorotipos A, B e C da Clamidia tracomatis, afetando principalmente populações de mais baixa renda e com precárias condições de higiene.
Nesses casos, formam-se folículos na conjuntiva tarsal e limbar superior, que podem evoluir para as fases tardias da doença, com surgimento de áreas de fibrose, opacificação corneana e severo comprometimento da visão.
O tratamento das conjuntivites bacterianas baseia-se nos colírios de antibióticos, utilizando-se fluoroquinolonas de terceira (ciprofloxacina ou ofloxacina) ou, preferencialmente, de quarta geração (moxifloxacina ou gatifloxacina), 4 a 5 vezes ao dia. Além disso, podem ser associadas lágrimas artificiais (colírios lubrificantes) e compressas frias. Havendo processo inflamatório muito intenso, corticóides tópicos podem ser usados, como o acetato de prednisolona 1%, desde que não exista suspeita de infecção fúngica. No caso de confirmação de conjuntivite por Hemophilus influenza em crianças, deve ser associado tratamento sistêmico com amoxacilina/clavulanato, para evitar complicações como meningite e pneumonia.

Conjuntivite viral

A conjuntivite viral é a mais freqüente de todas as formas de conjuntivites.
Pode ser causada por diversos vírus distintos (poxvírus, coxsackievírus e enterovírus, por exemplo), mas o adenovírus é o agente mais usual, situação na qual é chamada de ceratoconjuntivite epidêmica. Os sintomas variam, mas, tipicamente, há queixa de olho vermelho, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, ardência e secreção ocular mucosa, podendo estar associada com infecção de vias respiratórias superiores. Ao exame, verifica-se hiperemia conjuntival difusa, edema palpebral, folículos hipertrofiados (na conjuntiva tarsal) e linfonodo pré-auricular palpável. Em alguns casos, membranas ou pseudomembranas podem ser encontradas, assim como infiltrados corneanos subepiteliais. A ceratoconjuntivite epidêmica é bilateral em cerca de 50% dos casos, sendo muito contagiosa, razão pela qual o paciente deve ser instruído a lavar as mãos com freqüência, usar toaha individual e evitar ambientes fechados, bem como contatos íntimos com outras pessoas.
O tratamento, na maioria das vezes, é sintomático, com o uso de compressas frias e lágrimas artificiais, 5 a 10 vezes ao dia. Havendo membranas, pseudomembranas ou filamentos, devemos retirá-los cuidadosamente, podendo-se usar colírio de acetil-cisteína para diminuir a formação dos mesmos.
Em casos severos ou na presença de infiltrados corneanos subepiteliais com diminuição da acuidade visual, podemos empregar colírios de corticóide.
Estes, porém, devem ser usados com cautela, a fim de evitar a cronificação do quadro viral, preconizandose uma retirada gradual, no intuito de evitar recidivas de tais infiltrados. Assim, infiltrados sem prejuízo visual ao paciente podem ser apenas acompanhados, já que a maioria desaparece após cerca de seis meses.