Tipos de conjuntivite, causas, sintomas e tratamento da conjuntivite alérgica, viral, bacteriana, neonatal, vernal, sazonal e outras.


Tratamento da conjuntivite alérgica

Em qualquer quadro alérgico, ocular ou não, o primeiro passo é orientar o paciente (ou seu responsável) que a doença é crônica, recorrente, e deve-se tomar algumas medidas para diminuir a intensidade e a freqüência das crises, a saber: evitar o acúmulo de pó, como em cortinas carpetes, bichos de pelúcia, varrer a casa com auxílio de pano úmido, para não levantar a poeira, entre outras medidas preventivas. Não coçar o olho é mandatório; as compressas geladas aliviam muito os sintomas alérgicos.
As drogas utilizadas no tratamento das conjuntivites alérgicas são anti-histamínicos, estabilizadores de membrana de mastócitos, antiinflamatórios não hormonais, costicosteróides, e imunomoduladores.
Os anti-histamínicos tópicos são indicados nos pacientes onde o prurido é sintoma importante, porém, sua ação é unicamente sobre a histamina, tendo seu efeito limitado à inibição do prurido e da hiperemia. Essa medicação não inibe nem tampouco cessa a manifestação alérgica, sendo apenas um paliativo dos sintomas pruriginosos.
Os estabilizadores de membrana de mastócitos levam no mínimo uma semana para iniciarem sua ação, por isso, devem ser associados à droga de início rápido na crise. São indicados nas conjuntivites alérgicas crônicas, recorrentes, para diminuir a intensidade e a recorrência das crises. Seu uso deve ser de no mínimo seis meses para que o efeito de redução da freqüência das crises seja alcançado.
Os antiinflamatórios não hormonais (AINH) têm papel pouco importante no tratamento das alergias. Atuam inibindo a ciclo-oxigenase (COX), o que elimina a produção de prostaglandinas e tromboxane.
Estudos sugerem que algumas prostaglandinas são pruridogênicas e potencializadoras da ação da histamina. Dessa forma, os AINH aliviariam os sintomas da crise.
Os corticosteróides atuam em vários pontos da cascata da alergia.
Virtualmente, todas as células têm receptores para os corticosteróides.
Após interação com seu receptor, o complexo esteróide-receptor migra para o núcleo da célula a modifica a síntese protéica. Essas drogas têm efeito em todo o sistema imune. Inibem a migração de neutrófilos, o acesso dos macrófagos ao sítio da inflamação, a atividade dos linfócitos, a fosfolipase A (que dá origem ao ácido aracdônico na seqüência inflamatória), e a síntese de histamina conseqüentemente. Os corticosteróides também diminuem a proliferação de fibroblastos e capilares e a deposição de colágeno, interferindo, assim, na cicatrização.
Devemos usar os corticosteróides com cuidado, pois, além dos riscos inerentes da droga, temos ainda na nossa área o risco de desenvolvimento de glaucoma e catarata. Nas crises agudas, deve ser utilizado em altas doses e em curto período de tempo. A suspensão da medicação deve ser sempre lenta e gradual, impedindo assim o efeito rebote.
Os imunomoduladores têm utilização controversa na literatura.
Age inibindo a produção de citoquinas, especialmente as de T-helper, interleucina 2 e 4 (IL-2 e IL-4), interferon e fator de necrose tumoral (TNF). A ciclosporina é altamente seletiva, tem efeito reversível e não interfere com o metabolismo do DNA; portanto, não produz supressão medular e não é mutagênica. Pode ser utilizada em casos refratários, lembrando sua toxicidade ocular e alto custo. Normalmente manipulada, em concentrações que variam de 0,5 a 2%, hoje a encontramos disponível no mercado a doses milesimais (0,05%).